domingo, 19 de abril de 2009

A sarjeta é aqui

E corre o boca-a-boca sobre a vinda do Gutter Twins a São Paulo (e a Buenos Aires e a Santiago) em julho. Comentei sobre o belíssimo disco de estreia dos Twins ano passado, assim que coloquei os ouvidos nele. Tão áspero e dilacerado quanto as melhores gravações que Greg Dulli e Mark Lanegan vêm soltando recentemente, Saturnalia, o dito cujo, impressiona por manter a média de quase um ótimo disco por ano. Uns seis meses depois eles liberaram um EP virtual chamado Adorata, quase tão bonito quanto o anterior e cheio de covers inusitadas. Nem quando o Afghan Whigs e o Screaming Trees, bandas de origem dos gêmeos da sarjeta, estavam na ativa, eles eram tão produtivos (leia aqui sobre os outros projetos atuais da dupla). Enfim, usufrua a lei do menor esforço e baixe agora os dois discos de 2008.

Mas não consigo me empolgar com a notícia. Ainda não. Primeiro porque o myspace deles divulga apenas uma data no Bourbon Street. Nunca estive no requintado recinto, mas sei que a plateia assiste aos shows em mesas, com consumação igualmente luxuosa. Sem contar o próprio ingresso, abusivo até para quem ganha em euro. Foi o Bourbon que recebeu o famoso "show de despedida" do B.B. King cobrando a mixaria de 900 reais para ouvir, sem o direito de molhar o beiço, o velho bluesman debulhar sua Lucille. Nada de Gutter Twins em palcos médios e acessíveis como a Choperia (ou o Teatro) do Sesc, a Easy ou mesmo o Studio SP, mais próximos do universo deles. Não por enquanto.

O segundo porém é a possibilidade de eles virem sem a banda completa, como vinham fazendo recentemente, para tocarem versões mais, digamos, 'intimistas' de músicas de todos os projetos dos caras. Apesar da vontade de conferir ao vivo "Hit The City" (da Mark Lanegan Band) ou "Bonnie Brae" (do Twilight Singers), entre inúmeras outras, o cheiro de solução acochambrada é inevitável. E há pouco tempo tivemos outras visitas do tipo no Brasil, com gente como Bonnie "Prince" Billy e Young Gods, para citar poucos, desempenhando em formatos low-profile e causando certo desapontamento por terem sido menos do que poderiam.

Resta esperar esses longos dois meses até lá e torcer para que marquem mais datas em locais que não sejam adeptos da extorsão, de preferência com a banda inteira. Tal como o trio Medeski, Martin & Wood, que fez um dos melhores shows do ano passado por aqui em duas noites esgotadas no Sesc Vila Mariana e umazinha no Bourbon. Com certeza também não faltará público para Dulli e Lanegan. E convenhamos: se eles não derem nem uma chegada pelo famigerado Baixo Augusta, poderão trocar o nome para The Fancy Twins.

2 comentários:

Wagner Miranda disse...

Bourbon St???? Apaputaquipariu. Boa sorte por aí...rs. Pelo visto, você vai ter que ir no show do Oasis. =P

Abração,


w.

Daniel Boa Nova disse...

Li que as mesas para o público vão ficar entre a pista e o palco. Tipo 8 fileiras de mesa.

Aqui:
http://becodosmamilos.blogspot.com/2009/05/precos-dos-ingressos-do-gutter-twins-no.html

Fuck that hein....