quinta-feira, 30 de abril de 2009

E o Depeche Mode enfim anuncia vinda para o longínquo outubro. O disco recém-lançado deles, Sounds Of The Universe, ainda não desceu macio, mas quero escrever sobre ele em breve e conto com o bom humor no feriado para acolhê-lo melhor. Já o show é imperdível, sem dúvida. É só conferir o DVD Touring The Angel, da megaturnê do acachapante disco anterior. Dizem que o vocal do Dave Gahan é pleibequeado ao vivo, que a banda é cafona. Balela. Digo mais: o depechão velho-de-guerra ficou muito melhor nos anos 90 e 00, apesar de a maioria ensacá-los como mais um produto nostálgico dos 80's.

Confere aí o bizarro clipe novo.

segunda-feira, 27 de abril de 2009

Nós somos os robôs

E lá se vai um mês preenchido com muito trabalho repetitivo. Tinha quase me desacostumado disso, por ultimamente basear minha repetição na falta de rotina. A pasmaceira da folga na quarta para virar a sexta à noite na labuta contrastava com o nada entediante frio na barriga pelo aperto de grana. Mas nada como mais um "sim" desafogador para retomar alguns velhos vícios e voltar a deixar de ver as madrugadas como partes divertidas do dia. Trabalhar com o modo mecânico ativado é fácil e é traiçoeiro. Se puder, faça em casa, com intervalos. Se a amiga chamar para um cinema ou o camarada cantar a bola da cerveja, por mais que pareça chover no molhado dizer isso, não hesite. Caso contrário, você vai sonhar com aquelas palavras se combinando feito peças do Tetris.

Pode ainda ficar pior se o seu caso (como foi o meu) for lidar com textos altamente técnicos e descontextualizados, em que você precisa se coçar para imaginar onde fica o mancal da bronzina da biela do eixo propulsor do solenóide (ainda com grafia pré-reforma) da marcha. Mais Chaplin com uma chave de fenda e a esteira de fábrica, impossível. Agora, se você saca de motor de carro, não tripudie.

Já nas "horas vagas", um pouco mais do mesmo: canetão vermelho, gente achando que inventou a roda vomitando a quintessência do clichê informativo, essas coisas. Nada de especial, e até já foi mais engraçado antes. O negócio é não se envolver, máxima que eu ouço desde o segundo ano da faculdade. Trabalho é só trabalho, etc. Tudo aqui pode soar um tanto modorrento, mas o ponto é que a moenda recomeça a funcionar antes de você mesmo reparar.

domingo, 19 de abril de 2009

A sarjeta é aqui

E corre o boca-a-boca sobre a vinda do Gutter Twins a São Paulo (e a Buenos Aires e a Santiago) em julho. Comentei sobre o belíssimo disco de estreia dos Twins ano passado, assim que coloquei os ouvidos nele. Tão áspero e dilacerado quanto as melhores gravações que Greg Dulli e Mark Lanegan vêm soltando recentemente, Saturnalia, o dito cujo, impressiona por manter a média de quase um ótimo disco por ano. Uns seis meses depois eles liberaram um EP virtual chamado Adorata, quase tão bonito quanto o anterior e cheio de covers inusitadas. Nem quando o Afghan Whigs e o Screaming Trees, bandas de origem dos gêmeos da sarjeta, estavam na ativa, eles eram tão produtivos (leia aqui sobre os outros projetos atuais da dupla). Enfim, usufrua a lei do menor esforço e baixe agora os dois discos de 2008.

Mas não consigo me empolgar com a notícia. Ainda não. Primeiro porque o myspace deles divulga apenas uma data no Bourbon Street. Nunca estive no requintado recinto, mas sei que a plateia assiste aos shows em mesas, com consumação igualmente luxuosa. Sem contar o próprio ingresso, abusivo até para quem ganha em euro. Foi o Bourbon que recebeu o famoso "show de despedida" do B.B. King cobrando a mixaria de 900 reais para ouvir, sem o direito de molhar o beiço, o velho bluesman debulhar sua Lucille. Nada de Gutter Twins em palcos médios e acessíveis como a Choperia (ou o Teatro) do Sesc, a Easy ou mesmo o Studio SP, mais próximos do universo deles. Não por enquanto.

O segundo porém é a possibilidade de eles virem sem a banda completa, como vinham fazendo recentemente, para tocarem versões mais, digamos, 'intimistas' de músicas de todos os projetos dos caras. Apesar da vontade de conferir ao vivo "Hit The City" (da Mark Lanegan Band) ou "Bonnie Brae" (do Twilight Singers), entre inúmeras outras, o cheiro de solução acochambrada é inevitável. E há pouco tempo tivemos outras visitas do tipo no Brasil, com gente como Bonnie "Prince" Billy e Young Gods, para citar poucos, desempenhando em formatos low-profile e causando certo desapontamento por terem sido menos do que poderiam.

Resta esperar esses longos dois meses até lá e torcer para que marquem mais datas em locais que não sejam adeptos da extorsão, de preferência com a banda inteira. Tal como o trio Medeski, Martin & Wood, que fez um dos melhores shows do ano passado por aqui em duas noites esgotadas no Sesc Vila Mariana e umazinha no Bourbon. Com certeza também não faltará público para Dulli e Lanegan. E convenhamos: se eles não derem nem uma chegada pelo famigerado Baixo Augusta, poderão trocar o nome para The Fancy Twins.

quarta-feira, 15 de abril de 2009

Flanada anual

Acabei de ver a programação da Virada Cultural deste ano e mais uma vez o evento promete. Não digo isso apenas pelas pencas de atrações grátis ao ar livre em vários palcos espalhados pelo glorioso centrão paulistano, mas principalmente pela oportunidade de percorrer todo esse intrigante universo a pé durante um dia - e boa parte de madrugada, o que é mais legal ainda. Nem parece o mesmo lugar.

Em 2007, ano daquele fatídico show dos Racionais na Sé, cometi a infame proeza de ficar em casa. Pelos causos que ouvi, passei a semana seguinte hediondamente arrependido. Ano passado, quando fui pela primeira vez, esqueci por vários momentos o que aquela região encantadora e tenebrosa representa nos demais dias do ano.

Cheguei cedo com meu irmão pra pegar um show memorável do Mundo Livre em frente ao ex-estágio Pateo do Collegio. A sequência tortuosa teve a boa velharada Germano Mathias e Vai-Vai, a musa Marina de la Riva, a quebradeira do Macaco Bong, vários amigos, latinhas de cevada e conhecidos pelo caminho e o desfecho com uma bela sequência de DJs na tenda da Quintino Bocaiuva, onde rolou new wave e surf music com clima de Carnaval do interior de Minas. Passei pela tangente de uma procissão atrás do Zé Ramalho na São João. Nem cheguei perto das filas do Teatro Municipal e devo passar longe de novo em 2009. Me dei por satisfeito umas quatro da matina e o metrô me despejou de volta até a Barra Funda num horário em que ele costuma dormir. Ok, quem tiver conferido todo o cronograma dirá que perdi gente mais interessante, como a cariocada Orquestra Imperial e Do Amor, ou mesmo os gagás Jorge Ben, Mutantes e Afrika Bambaataa. I couldn't care less. Foi uma noite sensacional.

Este ano, uma das metas é conferir alguma coisa do Palco Brega, no Arouche. Destaque para uma sequência genial: Wando, Reginaldo Rossi e Beto Barbosa. Benito di Paula abre os trabalhos no sábado. No dia seguinte tem Odair José, o Roger Waters do rodízio de carnes. Tudo grátis. Diversão garantida. Ano passado perdi o Nelson Ned por lá, mas reza a lenda de que foi melancólico em excesso, uma espécie de Elvis fase Las Vegas versão paraolímpica. Por outro lado, é legal se programar para a Virada justamente pela chance pequena de você conseguir ver tudo o que pretende. Com certeza você vai encontrar alguém que conhece quando estiver cruzando a Barão de Itapetininga ou comprando Skol de isopor no Viaduto do Chá. E provavelmente a sua rota vai mudar por conta dessa(s) outra(s) pessoa(s) no caminho.

O lamuriento de plantão poderá dizer que várias atrações, refletindo o panorama da música pop brasileira atual, são caidonas. Ou que o evento estimula o que há de mais sórdido no tenso e desgostoso cidadão da capital em caráter de multidão. Talvez tudo isso seja em parte verdade (a má fé às vezes também se manifesta por aqui). Mas, acima de tudo, é uma das poucas chances atuais de o calejado morador paulisteño ainda se surpreender com a cidade. E o que é melhor: sem pagar estacionamento, sem pegar fila (salvo exceções), sem gente nervosa e sem ficar entalado na Marginal com 257 Peugeots à sua frente. É daqui a duas semanas.

domingo, 12 de abril de 2009

Resolvi republicar os posts mais antigos e deixá-los espalhados pelo histórico. A medida não é revolucionária, apenas estética. Afinal, o que é subversivo hoje? Comprar uma estante nova para aquela parede subutilizada pode até trazer uma lufada de vento fresco para minha caixa torácica, mas vai no máximo me fazer admirá-la por horas e horas embasbacado. Tascar uma casca de banana na varanda do vizinho ganjaman do andar de baixo me transforma apenas no arquetípico orangotango sociopata de mesmo porte do exalador de erva e tecneira da qualidade mais ralé.

E porra, o que toda essa punhetagem rasteira tem a ver com republicar posts velhos? Sei lá, para tudo se usa um pretexto. Toda hora a gente pensa que está dando um cavalo de pau na própria vida, sem perceber na maioria das vezes que o giro é em falso.