sábado, 6 de agosto de 2005

Either/Or

Nada como manter um pézinho fincado no lodo. Muitos podem chamar de auto-sabotagem, de defesa instantânea; sim, claro, aqueles mesmos que tripudiam quando você baixa a guarda. Mas poucos conseguem escutar a música por baixo da água quente, sob a crosta de células mortas. Provavelmente porque ela chega à orla com pouca altura e fora do tempo da deixa. O que para a corrente comum parece mero esboço me soa aprazível, como aquela primeira voz ao telefone que encerra dias e mais dias engolindo seco. E os insistentes se arriscam dizendo um 'sim' depois de tantas recusas recebidas. Não satisfeitos, ainda têm o couro arrancado enquanto cantam em voz baixa para você dormir. Esperam a aurora apontar pelas frestas, e só então retornam com cautela para os seus santuários embolorados feitos de caixas de sapato. É quando a situação volta ao ponto de partida que as gentilezas do tormento chegam em casa e querem mais é cair de cara no macio do colchão e do travesseiro, mesmo estando cobertas de lama até os joelhos.

Um comentário:

Anônimo disse...

memórias do subsolo... Ficar doente quando o mundo o tempo todo te insentiva a isso, e aí meu filho, nem Nuno Cobra, nem Jung, nem Jesus... Mas é um protesto, e os protestos são cheios de esperança mesmo se declarando niilista, e de contracultura... e por ai vai... seu Tchongomongo... hahahahahaha bjinhos