
O que mais me cativa no disco é o que passa inicialmente despercebido devido à gravação e execução rudimentar, feita por caras pouco carismáticos (ou, sem eufemismos, feios pra caralho) de 20 e poucos anos que até um ano antes expeliam um punk rock tosco e caótico. Em Zen Arcade a história já é outra e as nuances musicais e textuais se desdobram. O monólito começa a ser trabalhado. Nenhuma faixa está lá por acaso ou para encher linguiça, como aparentemente pode-se pensar, e quem procura o álbum por motivos aleatórios como "descobrir as raízes do emo" ou "conhecer uma barulheira punk das antigas" pode perder o que ele tem de melhor. Aliás, desde moleque eu ouvia falar que as letras do Jello Biafra eram feitas para combinar perfeitamente com o clima das músicas dos Dead Kennedys, mas não sabia que Bob Mould e Grant Hart (os dois vocalistas/compositores do Hüsker) tinham a mesma destreza. Assim, dá pra sacar que as faixas mais rápidas e gritadas de Zen Arcade falam sobre a confusão ou ressentimento do 'protagonista', enquanto que as mais melódicas e cadenciadas remetem a passagens reflexivas e existenciais.
Feio e bonito, agressivo e melódico, Zen Arcade é tudo o que o Green Day tenta pateticamente emular em seus últimos dois discos "políticos". Enfim, chega de frases feitas: leia o texto e ouça milhares de vezes o disco.
Um comentário:
Feio e bonito é a melhor definição. Discão Estou reouvindo a obra aqui. No talo.
Haouriiiiiiiiiii
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