segunda-feira, 4 de maio de 2009

Estado de sítio

Falei tanto e acabei nem indo à Virada Cultural. O pretexto era irrecusável: três dias low-profile no sítio com amigos caríssimos (do melhor tipo que tem por aí), família do amigo gentilíssima, futebolzinho sedentário, terra na sola do pé e comilança. Optar entre fugir e ficar na cidade no único momento do ano em que ela se transforma em outra é, no mínimo, covardia. Sair do lugar sempre ganha do abstrair.

A questão é que ultimamente tenho conseguido enfiar o pé pra fora de SP menos do que gostaria. A grana apertada e a rotina estranha de trabalho não têm colaborado. Só para uma amiga neoparanaense, por exemplo, devo visita há uns seis meses. E cada vez mais funciono à base do susto, sem me programar demais. Dou cano em programa marcado com semanas de antecedência, mas a chance de você me encontrar se me ligar num sábado às onze e meia da noite é grande. No último feriado foi assim. A viagem não foi adiada aos 40 do segundo tempo. E a própria relação com a megalópole tem sido um xadrez estranho entre a monotonia contínua de vários curtos prazos seguidos e a dúvida sobre o que estarei fazendo no mês seguinte. Nada mais apropriado que um município chamado Piedade para dar aquele empurrão no momento de recarga.

Aliás, li poucos comentários empolgados com a Virada deste ano - sempre vinham com ressalvas do entulho de lixo, da muvuca e do aroma de mijo - e ainda terei a vantagem de sublimar os shows do Palco Brega até o ano que vem. Correr por estradinhas de terra ouvindo o Rei Robertão mandando "meu cachorro me sorriu latindo" por enquanto tem mais apelo do que pensar no Wando limpando o suor da testa com uma calcinha.

2 comentários:

Licia disse...

Quem diria, eu, uma reles historiadora, deparando-me com tanta genialidade vernacular!

vamosquepodemos disse...

queria tanto estar nesse sítio, cada vez mais vontade de escutar baruho de grilos a noite
oooooooooo sardade.