terça-feira, 24 de março de 2009

Como desaparecer totalmente

That there
That's not me
I go
Where I please
I walk through walls
I float down the Liffey
I'm not here
This isn't happening
I'm not here
I'm not here

In a little while
I'll be gone
The moments already passed
Yeah it's gone
And I'm not here
This isn't happening
I'm not here
I'm not here

Strobe lights and blown speakers
Fireworks and hurricanes
I'm not here
This isn't happening
I'm not here
I'm not here


Em que momento você descobre que se tornou invisível? Muitas vezes, é não muito antes de desaparecer de fato, a poucas gradações de cores antes de chegar à ausência completa delas. O peso do corpo ainda te mantém em câmera lenta e sem saber exatamente para que direção prosseguir. Já o invisível pode ir para qualquer lado - simultaneamente, inclusive. É a conquista da onipresença pós-vida. Não adianta mais pedir ajuda, reclamar, tentar se olhar por fora e se reformular. Tampouco vale ser altruísta, sumir por meio da atenção ao próximo, usar as ideias vizinhas como arbustos. Estratégias de fuga so o tornaram ainda menos presente para si mesmo. Nada mais funciona. Nem as muletas da indulgência e da preservação consigo próprio surtem mais tanto efeito. Afinal, que adianta usar o último lote de energia se você mesmo já se considera fora de alcance? Algum espaço continua sendo ocupado: um peso incolor que remotamente talvez cause certo incômodo alheio apenas por fazer lembrar de sua própria sobrevivência. De tanto se frustrar procurando espelho na casa dos outros, o ser invisível assumiu-se nesta atual condição: nem ele mesmo se vê, não se pertence mais.

Um comentário:

I'm not interesting disse...

(eu quero fazer um comentário decente. mas, por enquanto, fica só indecente: que bom que voltou a escrever!)