sexta-feira, 24 de novembro de 2006

O valor sentimental da adiposidade

Se guardássemos os problemas em uma adega, provavelmente eu seria um bem-sucedido sommelier (aliás, nunca achei que fosse escrever essa palavra, a não ser por uma eventual obrigação profissional). Sou daqueles que zelam com 'carinho' questões a serem resolvidas, como se fossem uma heróica pança de cerveja, como se realmente precisasse envelhecê-los em barris de carvalho até um certo momento - não necessariamente o melhor - de sacar a rolha. Não que eu tenha orgulho disso. Recomendo sempre o contrário quando me pedem conselhos. E mesmo este espaço aqui, como o visitante de ocasião poderá reparar, é um dos meus elefantes brancos de estimação. Passou quase o ano inteiro sedentário e catatônico, evitando a fadiga. Quase um bovino premiado. Mas agora já é época de festas de fim de ano: estamos a exatamente um mês do Natal e o elefante já pensa na ceia e se o balanço anual teve deficit ou superavit. Enquanto isso, a mãe histérica lembra de vez em quando do filho adolescente gordinho, espinhento e trancado no quarto, gritando da porta entre uma ressaca e outra. Mas as perspectivas são boas. Como boa mãe que sou, matriculei o rechonchudo problemático numa cadimía.

5 comentários:

rmussilac disse...

Acredito também, que você nunca achou que fosse escreve "deficit e superavit"...Mas lendo esse, percebo nossas afinidades: ouso dizer que se continuarmos acumulando nossos problemas em uma adega, lá se concentrará o "PIB" (Pança Interna Bruta)...

Anônimo disse...

Problema é igual vinho: quanto mais velho, melhor....e mais caro! Vira parte da vida, peça de estimação. Mas o bom mesmo é tomar tudo de um vez. Bebedeira, porre de problemas, e sem ressaca.

Daniel Boa Nova disse...

Melhor do que estocar é beber!

Anônimo disse...

Mesmo pq no fim, ou vira merda ou mijo, que vai embora pela descarga.

Anônimo disse...

da até pra por na prateleira, nomea-los... Fazer uma tchurminha de probleminhas que de mãos dadas dançam uma cirandinha... E rodam E rodam E rodam... E quem fica exausto, somos nós, que ébrios concordamos em não sair desse círculo vicioso...
É a vida!