segunda-feira, 15 de agosto de 2005

Same old song and dance

Clichês e mais clichês e mais clichês e mais clichês e mais clichês e mais clichês. Tudo aquilo que você ouve por acreditar ser único, por acreditar que o momento é o que pede, por talvez fazer alguma diferença, tudo será repetido sem dó nem piedade. Não que eu nem você precisemos de dó ou piedade. Mas tudo o que você está ouvindo já foi pronunciado antes: as piadas, os impropérios, os elogios, os conselhos, as críticas, os gemidos da fornicação. Você simplesmente não se deixa abater (ou até deixa durante um tempo), mantém o sorriso desgastado e a expressão quase cínica de surpresa. Assim mesmo, não deixa de ser estarrecedor: as mesmas palavras, exatinhas, na mesma ordem, nenhum pontivírgula a menos. Uma folha no meio de cem fotocópias da mesma página. Sim, nada mais pertinente que uma metáfora clichê.
O milagre da multiplicação merecia um filme do Kubrick. Eu assino embaixo daquela famosa teoria não comprovada, a de que todas as combinações de acordes possíveis já foram criadas. Esse deslumbre todo, essas palpitações, essa indiferença, esse corte no supercílio, essa sensação de aprisionamento, essa cãibra na panturrilha, essas borboletas no estômago, esse 'o petróleo é nosso', essa vontade de comer a pipoca doce que vendem na porta do zoológico, esse inferno astral, essa comida nordestina. Tudo que nos faz sentir vivos (!) e de tudo isso a Madame Bovary, o Jung, o Nietzsche, o Beijoqueiro, a Terri Schiavo, o Paul Westerberg, um mico-leão dourado, a Aracy de Almeida e a Lucy Van Pelt já tiraram suas casquinhas assim como alguém tirou a deles.
De certa forma ainda estou voltando àquele tema do 'instinto'. Sem essa de seres ordinários e extraordinários, Fiódor. Me procura semana que vem. No dia em que isso me descer redondo que nem aquela cerveja, jogo o caderno em cima da mesa e pego o primeiro trem pras Maldivas. E não livre a sua cara disso, você é tão criminoso quanto eu.
Tom pseudo-hostil é a serventia da casa. E quem se conforma ganha mais uma estria para a coleção.

6 comentários:

Anônimo disse...

"get yourself cooler, lay yourself low"
O estilo Parreira já está cansando,é? Poxa, rapaz, se você quiser um novo tipo de gemido orgásmico eu posso fazer para você. HAHAHA

Etil disse...

Hahahaha
Não, agradeço mas nesse ponto prefiro a repetição. Mas a sacada foi boa.
Quanto ao Parreira, tento me empenhar mas as recaídas são o meu calvário.

rmussilac disse...

hahahah..eu sou mestre em viajar e escultar esse gemido orgásmico..o pior..."feminino"...agora uma coisa te digo...clichê...clichê...clichê mesmo, é isso: um verdadeiro amor, vai além das meras afinidades... ou prefere o lido hoje pela manhã no parachoque de um caminhão "Aqui dentro tem chicotada"...haja gemido orgásmico!!! risso...mt bom.

rmussilac disse...
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Anônimo disse...

Não se preocupe quanto ao sucesso da tática Parreira. Eu também me senti monótono tão logo terminei de escrever "Salve Parreira!" Não era pra menos, né?

Anônimo disse...

bom comeco