Nada mais saudável e picareta do que salvar mais uma vez este blógue do estado catatônico aplicando aquela famosa listinha dos bons discos do ano. Aliás, como nunca antes eu havia feito isso, me parece ainda mais adequado. Vamo que vamo então, lembrando que não tem ordem de preferência aqui. Só preferi fugir do tradicional top 10 por questões preguiçosamente explicáveis, e o serviço de utilidade pública que ofereci para adquirir grátis todos os discos online foi por água abaixo, com direito a bronca por e-mail do Mr. Blogger (nada que uma fuçada aqui não resolva). Caso as escolhas estejam muito previsíveis ou se algum disco imprescindível ficou de fora, você tem aquelas duas opções de sempre: me xingar nos comentários ou criar a sua própria.
Sonic Youth - The Eternal
Para gente que começou a ouvir indie rock no início dos anos 90 nos Lados B e Rock Reports da vida - dentre os quais me incluo -, Sonic Youth hoje é classic rock tal qual o Jethro Tull para um senhor cabeludo-careca frequentador do Fofinho Rock Bar. Até aí, sem novas. O problema é que na década seguinte a trupe do Thurston roçou a estagnação, longe de soltar discos ruins, mas em vários momentos parecendo estar no piloto automático, deixando transparecer certa falta de viço. The Eternal alivia um pouco a barra com faixas mais inspiradas. Pode não representar uma nova invenção da roda a essa altura do campeonato, mas reforça aquilo que eles de melhor fazem. Melhor disco deles nos anos 2000, fácil.
Them Crooked Vultures - s/t
Confesso que esperava um pouco mais desta empreitada do Josh Homme, John Paul Jones e Dave Grohl (aqui na bateria, função que deveria cumprir full time). É daqueles discos manhosos, para serem tragados aos poucos, talvez feito com essa intenção mesmo. Mas a sagacidade da rapaziada dá as caras em faixas pesadas e grooveadas como "Gunman" e "Scumbag Blues", dentre as melhores do ano. Perde para a maioria dos discos do Queens of The Stone Age, mas só de colocar a repartição pública chamada Foo Fighters na geladeira, o projeto já ganha meu joinha.
Passion Pit - Manners
Quase um guilty pleasure, Manners poderia ser a trilha perfeita caso vivêssemos numa cidade chamada Neu Club, no estado do Milo Garage (péssima essa, né?). O Passion Pit é uma banda nova de Massachusetts, EUA. Faz indie-pop-eletrônico altamente pegajoso que lembra New Order fase Technique em alguns momentos, mas com aquela voz esganiçada e quase afrescalhada que é marca registrada das bandas pós-punk desta década, prima distante do Rapture. Uma coisa hiper "andando de carro ouvindo Oi FM São Paulo antes da balada na Augusta", sabe? Depois de mais essa infame tripudiada, só precisava dizer: a banda é muito divertida. E excelente para ouvir no mp3 player, correndo na esteira! hehe.
Dinosaur Jr. - Farm
J Mascis é tão filhadaputa, mas tão filhadaputa, que conseguiu reunir a melhor formação do Dinosaur Jr. para servir de banda de apoio disfarçada, sem que os outros dois tenham direito a mostrar suas composições ou tocar no mesmo volume que o fanho barrigudo. No máximo são permitidas tarefas mais aburridas, como dar entrevistas. E o pior é que tudo fica perfeito assim, todos estão cientes disso. Farm é o segundo disco da volta, tão destruidor quanto Beyond (2007). Cada faixa é uma espécie de homenagem de Mascis a ele mesmo, com aquele timbre de guitarra parrudo e ignorante (no melhor sentido).
Bruce Springsteen - Working On A Dream
Momento Rocky Balboa: além de ter a música-trilha do subestimado O Lutador, foi o disco que o Rogério Ceni disse ter ouvido enquanto se recuperava de uma lesão grave este ano. Quer melhor aval?? :)
Também é a continuidade da boa fase do Chefia desde The Rising (2002), que ironicamente partiu de um dos mais tenebrosos incidentes históricos recentes (11 de Setembro) para reerguer sua credibilidade discográfica após uma medonha década de 90.
Soulsavers - Broken
Segunda parceria entre os produtores ingleses e o gogó-de-lixa Mark Lanegan, mas o resultado da primeira incursão foi tão animador que decidiram chamar mais gente pra festa. Mike Patton, Richard Hawley (ex-Pulp), Gibby Haynes (Butthole Surfers), Jason Pierce (Spiritualized), uma tal de Red Ghost (entregando bem o cartão de visita), covers de Gene Clark e Will Oldham... tem de tudo ali, sempre com a boa e velha cortina de fumaça.
John Frusciante - The Empyrean
Já que parece certa a saída de Frusciante dos Chili Peppers, aumenta a chance de material bom como este surgir quase todo ano. Se a coisa não degringolar de novo para a rotina dos cachimbinhos sinistros, braços roxos e casas pegando fogo, a decisão foi total bola dentro. Tirando "Dark Light", uma faixa interminável e pretensamente mântrica lá no meio, o disco desce mais macio que um merlot nas horas de melancolia. E a voz do cara está cada vez melhor.
Lemonheads - Varshons
Ainda falando em junkies, Evan Dando volta à baila com um disco só de versões despretensiosas, o que, no caso dele, é uma boa contradição. Embora os covers sempre foram seu coelho na cartola ("Luka" e "Mrs. Robinson", lembra?), Varshons soa deveras descontraído, low profile. Mesmo com participações luxuosas de Liv Tyler e Kate Moss, a sensação passada não é de tentativa de resgatar o trono acolchoado de "Gram Parsons que deu certo" de outrora (tem cover do Parsons no disco, por sinal). Destaque para "Layin' Up With Linda", do mestre GG Allin.
Em breve deve vir uma parte 2. Antes de você sentir cheiro de peru assado...
quarta-feira, 16 de dezembro de 2009
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2 comentários:
Listinha revisionista, hein?
Vários desses aí eu não ouvi, vou baixar o do Passion Pit pelo menos.
Ontem fui no Ordinaria Hit com o AUTO, saindo do ensaio com o AZ8.
98 feelings.
Revisionista? Isso porque os Beatles remasters foram limados por serem hors concours, hehe.
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