Hoje seria o tão esperado dia de atualizar esta porcaria, mas uma nova série de pataquadas e migués alheios na área profissional arrancaram meu humor como se este fosse um tumor maligno. As ideias que eu vinha digerindo à base de laxante para serem modeladas em um produto final limpinho, cheiroso e facilmente consumível se dispersaram, tornando o trabalho ainda mais árduo. Areia no canal retal nunca é demais. Principalmente depois de olharmos para o nosso próprio umbigo encardido por dias e dias e querermos tirar todo esse ranço com resina, esfregando com um maço de estopa embebido em thinner.
A primeira opção, como sempre, é entrar na primeira comporta lateral e falar sobre música, sobre aquele disco Xis que acabou de cair na rede ou aquela banda Schreiffels que passou batida por anos e que de uma hora para outra se tornou um vício digno de cachimbadas em caneta Bic, um terreno fértil para a escapada da realidade de todas as horas. Escapadas já promovidas com maestria nonsense pelo Captain Beefheart, por exemplo: um demente sagaz, rápido e bulbuloso. Mas fico me perguntando mais uma vez - coisa de doente mental que repete a mesma ladainha para a rachadura da parede - quem entra aqui atrás de discos e dicas e novas musiquinhas para acalmar/atiçar o espírito? O que você ganha me elogiando se nem leu o texto inteiro? Aliás, quem entra aqui e por que entra? Além dos três caríssimos de sempre, claro.
O que me levou a repensar em um dos meus recentes elefantes brancos de louça na cristaleira, o podcast. Sim, este que está com link aí ao lado. Se você que lê isto aqui por acaso é um incauto, não me conhece e não se deu ao menor trabalho de rolar a tela para baixo até um minipost em que anuncio a abertura da porta do cafofo; se você até tem certa curiosidade de ouvir sons a que esteja pouco acostumado, mas carece de sugestões; se você é um arrivista que enche o saco até do vô no além atrás de um favorzinho inofensivo e não tem a menor dignidade de retribuir; se você tem algum tempo ocioso no meio do horário de trabalho ou à noite ou de manhã ou quando for, favor clicar no link à direita. É gratuito e não precisa preencher cadastro para ouvir. Basta ter placa de som na sua máquina e (de preferência) fones de ouvido, pois a gravação está a léguas de ser profissa. A questão é que de vez em quando dou uma fuçada nas estatísticas de lá e não chego nunca a uma conclusão. Se a coisa tá rolando legal, se não acrescenta merda alguma, se a qualidade do som é de fundo de quintal, se minha vox sexy est, se tudo soa como redundância e arroubo wannabe. Pessoalmente, me diverte e me dá um certo trabalho, na mesma medida. Ah, e por último, se você escreve, gosta daquilo que fala, evita colocar vírgula entre sujeito e verbo e tá à toa na pequena área, estamos aí. Um link esperto, uma palavra bem colocada, uma cerveja ou um café no momento certo e o mau humor é morto com uma só cajadada na moleira.
Fim provisório da sessão "anybody out there?". O que sei é que tá quente aqui dentro e frio aí fora. Se você leu até aqui esta cartilagem de galinha em forma de texto, o problema é seu.
E para sumir de vez com o tarja preta, aí vai o vídeo daquele famoso show dos Cramps num hospital psiquiátrico americano:
sexta-feira, 5 de junho de 2009
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Um comentário:
Ótimíssimo texto: inveja!
Espero ser um dos três caríssimos de sempre, claro!
PS.: impressão minha ou vc estava com uma voz meio melancólica no podcast de dia dos namorados?
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