Resolvi dar um tapa na mobília. Passar o dedo na camada de poeira e ver o que ainda sobrava ali embaixo, parado. Descobri um bocado de entulho e joguei muito disso fora.
A insalubre edícula estava prestes a desmoronar. Uma ratazana cinza de meio metro havia penetrado pela fresta da porta, depois de atravessar o matagal do quintal, e procriado ali dentro. Não parecia bom sinal. Tinha tempo que este lugar estava indeciso se morria ou não. O abandono não era mero desprezo: era um gesto ostentivo. Se acontecesse, não seria algo a se lamentar.
A cara mudou um pouco, mas é só o ponto de partida. Por enquanto, mal consigo praticar os projetos novos que tenho em mente. A cada vez que ouso compartilhá-los com alguém por perto, é balde d'água fria na certa. Sem contar as gralhas histéricas aqui do trabalho e suas risadas cancerígenas. A hora é de continuar em silêncio, mas, depois de bastante tempo, rascunhar convulsivamente.
terça-feira, 26 de agosto de 2008
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