Há exatamente uma semana, pouco antes de sair para o trabalho, eu folheava o jornal até encontrar uma declaração que me chamou a atenção. A reportagem era sobre uma das vítimas do desmoronamento da obra do metrô Pinheiros: uma advogada de Carapicuíba, que deixou filhos de uns 10 anos. Para ilustrar, uma foto lamentável do enterro, com os filhos e o resto da família chorando (como tem fotógrafo de redação filha da puta por aí), pouco tempo depois de saberem que a mulher tinha ido dessa para uma melhor. Ao lado, um painel de declarações vinha com a célebre frase de uma vereadora conterrânea: "Quando eu vi a notícia da tragédia na TV, sabia que teria alguém de Carapicuíba no meio. Sempre sobra pra Carapicuíba", que me fez rir, desconfortável pela situação. Alguns minutos depois, dando carona pra minha amiga e nova colega de trabalho, recebi a confirmação: "É verdade! Pode ver que sempre tem gente de Carapicuíba no meio de um desastre...".
Quase em frente ao trabalho, a constatação. Ao entrar numa avenida, cometo aquela cagadinha que vinha até então me trazendo sorte: entro com o carro olhando os que estão vindo, sem lembrar de conferir o que tinha do outro lado. Um amassado de leve nas duas latarias, acho até que eu levei a pior. O "terceiro" (jargão da seguradora), meio apressado a caminho do trabalho e nada estressado, deixa nome, contato e placa do carro, XXX-0000, município de Carapicuíba. Pelo jeito, sempre sobra mesmo.
quinta-feira, 25 de janeiro de 2007
sábado, 20 de janeiro de 2007
Moving forward
Começo de ano bem agitado por aqui. Não consigo lembrar da última vez em que senti de forma tão nítida uma virada de ano, sem shows pirotécnicos nem promessas de ocasião. Na falta de um trabalho, vieram dois. A bile vai sendo escoada aos poucos. Pessoas importantes vão optando por virar farelo, pessoas antigas vem reaparecendo e pessoas novas chegam em relação ainda ruidosa. Vários amigos dando guinadas, várias boas notícias espalhadas semana afora. Ainda na adaptação ao novo, o motor aqui demora para esfriar na hora de dormir apesar do cansaço com o qual eu sonhava por noites seguidas. Agora, quando o sono vem... sabe aquela cena do Clube da Luta em que o Edward Norton dorme como criança depois de freqüentar o grupo dos tumores de cérebro? Bem por aí. Para quem é devoto do que vem a seguir e nunca se sentiu lesado por ser não-cristão no país errado, nada como um começo bem pragmático e com a receptividade colocada à prova. E de vez em quando, só para quebrar a rotina, ainda me vejo perdido em alguma parte, ora pelo céu, ora na cratera. Mas, para retomar, é só sair da pista local dando seta para a esquerda.
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