sexta-feira, 24 de novembro de 2006
O valor sentimental da adiposidade
Se guardássemos os problemas em uma adega, provavelmente eu seria um bem-sucedido sommelier (aliás, nunca achei que fosse escrever essa palavra, a não ser por uma eventual obrigação profissional). Sou daqueles que zelam com 'carinho' questões a serem resolvidas, como se fossem uma heróica pança de cerveja, como se realmente precisasse envelhecê-los em barris de carvalho até um certo momento - não necessariamente o melhor - de sacar a rolha. Não que eu tenha orgulho disso. Recomendo sempre o contrário quando me pedem conselhos. E mesmo este espaço aqui, como o visitante de ocasião poderá reparar, é um dos meus elefantes brancos de estimação. Passou quase o ano inteiro sedentário e catatônico, evitando a fadiga. Quase um bovino premiado. Mas agora já é época de festas de fim de ano: estamos a exatamente um mês do Natal e o elefante já pensa na ceia e se o balanço anual teve deficit ou superavit. Enquanto isso, a mãe histérica lembra de vez em quando do filho adolescente gordinho, espinhento e trancado no quarto, gritando da porta entre uma ressaca e outra. Mas as perspectivas são boas. Como boa mãe que sou, matriculei o rechonchudo problemático numa cadimía.
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