quarta-feira, 19 de outubro de 2005
A paciência enfrenta o rock progressivo
O primeiro toque ninguém sente. O segundo talvez seja aparente. Mais uns quinze sintomas produzem o doente. Se um grupo de soldados passa cantando marchinhas e um recruta atravessa o tempo, que castigo merece? Se continuar cantando atravessado até a hora de dormir, poderá até ser condecorado. Só então ele vai perceber o sentido de se pular de agosto até meados de outubro. Setembro parece elegante como sujeito oculto. De assimérico, pelo menos, não vão me acusar. Afinal, já arrastei a cadeira três vezes na direção do canto direito da sala e mais três vezes na do esquerdo. Já descarreguei minha responsabilidade: acionei o alarme do carro um número ímpar de vezes; durante a viagem inteira de ônibus abri minha mochila de cinco em cinco minutos e conferi que estava tudo lá; bem na cena-chave do filme eu precisei me certificar que o nove e quarenta e cinco virou nove e quarenta e seis no relógio de parede atrás da TV. Descobri que tenho muito mais energia armazenada do que eu imaginava. Em compensação, perdi a fala do Jack Nicholson. Dá pra desligar o metrônomo, por favor, pra que eu possa dormir?
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